segunda-feira, 19 de março de 2012

TPM


Comecemos pela palavra transtorno - situação que causa incômodo a outrem; contratempo; situação imprevista e desfavorável; contrariedade, decepção; leve perturbação orgânica – que como podemos ver trata-se de uma condição em que a mulher altera seu estado de humor, sendo o humor o estado do fluxo das águas que a percorrem.

Dependendo da mulher, este estado pode ir da mais violenta irritação à total falta de sintomas; entretanto, sendo sensível ou não a este momento, todas passam por essa alteração. A palavra transtorno, escolhida pelos homens - já que estes, ao longo da maior parte de nossa história, foram os que trataram, como médicos, do feminino - ganhou uma dimensão densa e instaurou a perspectiva de problema, ou seja, uma leve alteração orgânica que leva a algumas alterações emocionais, na sociedade masculina, em que o sentir possui um valor menor e primitivo, transformou-se em grande problema, porque há cada vez menos tempo e espaço para que a mulher viva em liberdade suas questões pessoais! De certo modo, a ela não é permitida a vivência plena de um corpo que se prepara para gerar uma nova vida. Na sociedade masculina, não há tempo para estas “frescuras” do sexo frágil! Então, como, AINDA, a maioria esmagadora das mulheres é serva desta ideologia, cumprindo sua parte como objeto da alienação sexual e dinamizadora do consumo desenfreado, fica difícil mudar este paradigma.

Gosto de exaltar, contudo, o lado sagrado da história para que os se possa contemplar uma outra perspectiva: uma perspectiva que propicie reflexões acerca da nobre condição humana e, quem sabe, venha estimular em alguns a necessidade de ir além do conformismo imposto pelo status quo, e despertar para a real condição de agentes da nossa própria história que somos.


Em meus anos de trabalho, assisti a muitas mulheres terem horror à menstruação, a simplesmente odiarem esta condição e achá-la um castigo. Creio que, se algum inventor criasse uma injeção que secasse a mulher por dentro para ela não viver sua história, ele ficaria rico em poucas semanas... Sei ainda que muitas mulheres diriam para mim que sou homem e não faço a menor ideia do que seja conviver com esse transtorno todos os meses. É verdade. Não faço a menor ideia. Posso afirmar, entretanto, deixando que meu lado feminino se expresse, que tenho a maior inveja de não possuir a sublime capacidade de carregar no ventre a continuação da vida humana neste planeta. Se isso não for uma bênção, não sei mais o que será.


Como agente facilitador do autoconhecimento, creio que, quanto mais alienado de si estiver o ser humano, mais à mercê estará das influências ideológicas e de credos alheios. Se a mulher se der conta realmente de seus fluxos, de seus ritmos e perceber como funciona o seu organismo, sentindo quando ovula e quando está para chegar a menstruação; se conhecer que tipo de alimentos pode usar para minimizar os sintomas; se descobrir que tipo de procedimentos em seu benefício pode exercer, tais como a prática do yoga, relaxamentos, natação etc, mais ela terá o poder de reger a sinfonia do seu ser e estará mais preparada para enfrentar qualquer transtorno.

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